A conjuntura atual não permite meias palavras: estamos enfrentando um Congresso que legisla contra o povo, um Centrão cada vez mais desesperado, uma extrema-direita em frangalhos ideológicos e, como se não bastasse, um ex-presidente dos EUA — sim, ele mesmo, Donald Trump — querendo dar lição ao Brasil enquanto afunda seu próprio país em contradições.
A medida unilateral de Trump, ao anunciar um tarifaço de 50% contra os produtos brasileiros, foi um ato escancaradamente político, alinhado com os interesses da ala bolsonarista que ainda sonha com a volta de seu “mito” – atualmente encurralado pela Justiça. Mas o efeito foi exatamente o oposto: Trump levou uma surra virtual histórica. Milhares de brasileiros ocuparam seu perfil no Instagram com mensagens de protesto, tantas que ele simplesmente desativou os comentários. Tiro no pé, Donald!
Algumas das dedicatórias enviadas a Trump, segundo a revista Veja:
O tarifaço é um ataque ao Brasil soberano, e sua justificativa é mais política do que comercial. Trump tentou desviar o foco da crise que ele mesmo enfrenta nos EUA. E aqui, pasmem: teve político brasileiro, como o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que correu para culpar o presidente Lula pela taxação. Segundo ele, o Brasil nos BRICS, o apoio à Palestina e as críticas à guerra Israel-Irã teriam “provocado” os EUA. O prefeito, fiel ao bolsonarismo decadente, ignora o óbvio: a culpa é do alinhamento cego e submisso que Bolsonaro manteve com a extrema-direita internacional, incluindo Trump.
Mas como diz o ditado: pau que nasce torto nunca se endireita.
No campo interno, o jogo virou. O relatório apresentado por Arthur Lira (PP-AL), que prevê isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e redução parcial para salários de até R$ 7.350, é resultado direto da pressão popular. O projeto original do governo previa alívio até R$ 7 mil, mas o Congresso tentou reduzir esse alcance. Foi a reação das redes, dos sindicatos e da militância de esquerda que forçou esse recuo parcial.
Estamos, sim, diante de um embate crucial entre “nós” — trabalhadores, servidores públicos, movimentos sociais — e “eles” — os representantes do grande capital e dos interesses internacionais. Se deixássemos nas mãos da maioria desse Congresso, o povo já teria sido novamente sacrificado com medidas antissociais e políticas regressivas.
É guerra política e ideológica, e não temos o luxo de ser moderados.
Por isso, o Sindsep-MT segue em Brasília, na linha de frente, lutando contra o maior ataque ao serviço público das últimas décadas: a maldita Reforma Administrativa, o filho bastardo da PEC 32. Essa proposta, rejeitada pela sociedade e renomeada para tentar enganar a opinião pública, visa desmontar as carreiras públicas nas três esferas e entregar o Estado brasileiro ao apetite das grandes corporações.
É tempo de resistência. De enfrentamento. De não baixar a cabeça.
E para os que ainda acham que o Brasil é colônia, recado dado: não seremos capacho de Trump, de Lira, de Motta, de Bolsonaro ou de qualquer outro vendilhão da pátria.