E O OSCAR VAI PARA…

Por Carlos Alberto de Almeida*

“Parasita”, do diretor coreano Bong Joon Ho, foi o grande vencedor do Oscar na noite deste domingo. Além do prêmio principal (melhor filme), ganhou também como roteiro original, direção e filme internacional. O drama/comédia foi também vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O filme sul-coreano faz uma crítica velada à desigualdade social em um país rico, mostrando as diferenças absurdas entre uma família endinheirada e outra pobre.

Coincidência ou não, dois dias antes, o ministro da Economia, Paulo Guedes deu uma declaração típica de um integrante serviçal do presidente Jair Bolsonaro, onde chamou os servidores públicos de “parasitas”, jogando com a plateia ensandecida. Mas desta vez parece que o tiro saiu pela culatra (faz arminha), pois as fortes reações vieram dos mais diferentes setores fazendo com que o vendedor de ilusões recuasse, pedindo desculpas e dizendo que sua fala foi mal interpretado pela imprensa, como um filme de quinta categoria.

Vejamos a definição da palavra PARASITA (segundo o Google)

adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino

1.1

biologia

diz-se de ou organismo que vive de e em outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano.

1.2

pejorativo•pejorativamente

diz-se de ou indivíduo que vive à custa alheia por pura exploração ou preguiça.

 

Não é perfeito? As definições da palavra “parasita” se encaixam justamente para um certo “serzinho”, que por acaso nasceu no Brasil, se formou em Economia e fez doutorado em Chicago (EUA) e cujo nome é Paulo Roberto Nunes Guedes, mais conhecido como Paulo Guedes, ministro da Economia do Bolsonaro.

Mas afinal quem é Paulo Guedes?

Foi um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), do Instituto Millenium (IMIL), composta pela direita burguesa e que conta com apoio dos principais meios de comunicação do país (nem precisa especificar quais) e também do Banco Pactual.

Professor mediano na PUC-Rio e FGV, se destacou durante a ditadura militar de Augusto Pinochet, sendo docente em tempo integral na Universidade do Chile. Mas é no Brasil que Guedes responde por processo aberto no TCU sobre fundos de pensão (complemento à aposentadoria) proporcionado por empresas como a Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa), Postalis (Correios), além do BNDESPar, braço de investimentos do BNDES. O ministro jura (jura?) de pé junto que tudo foi dentro da legalidade.

O investimento do dinheiro acumulado por empresas e empregadores foi feito por fundos de investimentos, como os controlados pela BR Educacional Gestora da qual Guedes era sócio. A suspeita é que esses fundos estivessem lucrando ilegalmente em cima das aplicações, gerando prejuízo para as estatais e aos fundos de pensão. Mas não se iludam. O processo foi aberto no dia 22 de março de 2019. De lá pra cá…

Ainda sobre o que é parasita e quem são os parasitas, no mês passado o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Oliveira, acatou a denúncia contra Esteves Colnago, assessor especial do ministro Guedes e mais 28 pessoas, por fraudes nos fundos de pensão das principais estatais e privadas. Segundo o Ministério Público as operações causaram um prejuízo de R$ 5,5 bilhões. Deve ser a estes parasitas que o “Tchutchuca”(apelido ganho na Universidade de Chicago) se referia no seminário da FGV. Ou não?

Voltando ao presente (ou passado como queiram), a economia neoliberal defendida pelo ministro da Economia e apresentada como modelo para o Brasil é o do… Chi chi chi le le le. Do povo andino, que após 35 anos (será que vamos esperar tanto assim?) acordou e botou o bloco na rua no final do ano passado e ainda hoje, apesar da mídia omitir, há sérios conflitos, alguns bem violentos. O modelo privatista levou o país ao caos. Agora o povo chileno luta para derrubar o regime econômico ultrapassado e corrupto. E vai além. Querem uma nova Constituição já que a que está vigente, elaborada na ditadura militar de Pinochet pelos “Chicago Boys”, privatiza pensões e serviços essenciais como saúde e educação. E da água também.

Vamos falar um pouco mais do Banco BTG Pactual, da qual o ministro Paulo Guedes foi um dos fundadores e têm entre seus sócios o bilionário André Esteves e que já andou na mira da Lava Jato mas conseguiu se safar e ficou bem à vontade, como urubu na carniça, na posse do Posto Ipiranga (apelido dado por Bolsonaro a Guedes) já que havia indícios que a Previdência nossa seria privatizada o mais rápido possível.

Não a toa, é um dos principais bancos de investimentos da América Latina, que lucra muito, principalmente com a previdência chilena, arrochando o valor das pensões e aposentadorias. Como consequência, o aumento de suicídios entre os idosos segundo denúncia do Centro de Estudos de Velhice e Envelhecimento cujos índices mórbidos, crescem ano a ano refletindo a mais alta taxa da América Latina e avalia que em muitos casos visam simplesmente acabar com o sofrimento causado pelo baixo valor dos benefícios sendo impossível viver com o mínimo de dignidade. É lamentável! É o que se desenha para o Brasil!

Este, meus caros, é o modelo econômico perfeito para Paulo Guedes e para o 1% mais rico do mundo. Um enredo para filme de terror. AND THE OSCAR GOES TO...

Pergunta lá no Posto Ipiranga.

*Carlos Alberto de Almeida é servidor da Fundação Nacional da Saúde e presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado de Mato Grosso. (Sindsep-MT).