Joel "Colecionador": Servidor mantém grande acervo da extinta Sucam

 

Boa praça, torcedor fanático do Corinthians e do time da casa, União Esporte Clube, Joel Vieira Barbosa, 49 anos, funcionário público desde 1987, da extinta Sucam, hoje Funasa, tem uma mania que vem desde que era criança. O rondonopolitano adora colecionar de tudo, desde tampinhas de garrafa a disco de vinil. Seu apelido: “Joel Colecionador”.

Joel afirma que é só um hobby saudável, nada a ver com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o famoso TOC. Entre as relíquias, um acervo fantástico do União FC e da época em que era “malaco” (expressão dada na época aos agentes de endemias), quando pegou duas malárias e sentiu na pele, o efeito do DDT e do Malathion usados no combate ao mosquito.

Lembra bem daquele tempo, em que não se usava equipamento de proteção individual (EPI), apenas um uniforme composto de calça, camisa manga longa, um óculos e um capacete. Tempos ruins e de boas lembranças. Percorria várias vezes a pé em locais inacessiveis, borrifando o veneno, salvando vidas. Sorri quando fala que era recebido nas residências como um herói.
“Às vezes não havia nem o que comer, no máximo uma bolacha. Para beber era preciso achar um córrego. Mesmo assim, nós não esmorecíamos”, lembra o “Colecionador”, que trabalhou 16 anos com bomba pulverizadoras nas costas, principalmente na região do Vale do Araguaia.

Entre os acervos, mais de 600 fotos antigas dos “malacos”, adquiridas através de amigos e todas digitalizadas. Segundo Joel, mais da metade dos colegas que trabalharam com ele já faleceram, inclusive um, com suposto envenamento pelo DDT.

Indenização - O Sindsep-MT e a Condsef abraçaram a causa dos intoxicados promovendo reuniões em várias cidades do interior e capital, lutando pela aprovação da PEC 17/14 que concede indenização, tratamento médico e psicológico aos servidores da Funasa portadores de doenças graves contraídas em ambiente durante atuação na extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam). Estamos na luta!